A relação da altitude com a qualidade do café


Café e altitude: uma relação que faz toda a diferença

No universo do café, diversos fatores influenciam o sabor, o aroma e a qualidade da bebida que chega à sua xícara. Entre esses fatores, um dos mais importantes e, muitas vezes subestimado, é a altitude. A relação entre o café e a altitude é crucial para o desenvolvimento dos grãos, sendo responsável por características como acidez, doçura e complexidade de sabores que encantam tanto os apreciadores quanto os especialistas.

Mas como, exatamente, a altitude impacta o café? E por que cafés cultivados em altitudes elevadas tendem a ser considerados de melhor qualidade? Neste artigo, vamos explorar a fundo essa relação, desvendando os segredos por trás da produção de café em diferentes altitudes e como isso reflete no sabor final da bebida.

 

O que é altitude no contexto do café?

Quando falamos de altitude no contexto da produção de café, estamos nos referindo à altura em que o cafeeiro é cultivado em relação ao nível do mar. Em geral, altitudes mais elevadas tendem a oferecer condições climáticas e de solo que favorecem o desenvolvimento de grãos mais complexos e aromáticos. Isso ocorre porque, em altitudes mais elevadas, o clima tende a ser mais ameno, com temperaturas mais baixas e variações climáticas menos intensas ao longo do dia.

No Brasil, um dos maiores produtores de café do mundo, as regiões produtoras variam significativamente em termos de altitude, indo desde áreas mais baixas, com cerca de 200 a 400 metros, até regiões de alta montanha, com altitudes superiores a 1.200 metros. Cada uma dessas altitudes oferece características distintas para o café produzido, criando uma diversidade enorme de perfis sensoriais.

 

Como a altitude afeta o crescimento do café?

O cultivo do café em altitudes mais elevadas impõe uma série de desafios ao desenvolvimento da planta, o que, paradoxalmente, resulta em grãos de qualidade superior. À medida que a altitude aumenta, a temperatura média cai e as plantas de café crescem mais lentamente. Esse crescimento mais lento é benéfico para o desenvolvimento dos grãos, que têm mais tempo para amadurecer, absorver nutrientes do solo e desenvolver compostos aromáticos mais complexos.

Além disso, as noites mais frias e os dias ensolarados criam uma variação térmica que ajuda a concentrar açúcares nos grãos, resultando em uma bebida mais doce e com maior acidez. Esse processo de maturação prolongado nas altitudes elevadas é uma das razões pelas quais os cafés cultivados em montanhas costumam ser altamente valorizados.

Aqui estão os principais efeitos da altitude no crescimento do café:

  1. Maturação lenta: Em altitudes mais elevadas, as temperaturas mais amenas fazem com que o grão amadureça mais devagar. Esse processo prolongado permite que o grão absorva mais nutrientes e desenvolva sabores mais ricos e complexos.
  2. Concentração de açúcares: A variação térmica entre o dia e a noite nas montanhas ajuda a concentrar os açúcares nos grãos. Isso se traduz em cafés com maior doçura e corpo, resultando em uma bebida mais equilibrada.
  3. Maior acidez: Em altitudes elevadas, a acidez do café tende a ser mais pronunciada. Esse tipo de acidez é valorizado no mundo dos cafés especiais, pois adiciona vivacidade e brilho ao sabor, além de equilibrar a doçura.
  4. Maior complexidade de sabores: Os cafés de altitudes mais elevadas apresentam uma maior diversidade de compostos aromáticos, resultando em sabores mais complexos e intensos. Notas florais, frutadas e cítricas são frequentemente encontradas em cafés cultivados a maiores altitudes.

 

Regiões produtoras de café em diferentes altitudes

No Brasil, as regiões cafeeiras apresentam uma diversidade significativa de altitudes, o que gera uma ampla gama de perfis sensoriais. Vamos explorar algumas das principais regiões produtoras de café do país e como a altitude influencia a produção em cada uma delas.

1. Mantiqueira de Minas

Localizada no sul de Minas Gerais, a Mantiqueira de Minas é conhecida por suas montanhas e altitudes que variam entre 1.000 e 1.500 metros acima do nível do mar. Essa região é uma das mais renomadas para a produção de cafés especiais no Brasil, devido ao seu clima ameno e à maturação lenta dos grãos. Cafés da Mantiqueira de Minas são frequentemente descritos como complexos, com notas florais, acidez marcante e corpo equilibrado.

2. Região do Cerrado Mineiro

O Cerrado Mineiro, também em Minas Gerais, é uma região de altitudes médias, com plantações situadas entre 800 e 1.200 metros. O clima seco e o solo bem drenado são ideais para a produção de cafés de alta qualidade. A altitude moderada proporciona uma combinação de doçura e acidez, com notas de caramelo, nozes e chocolate predominando nas xícaras.

3. Alta Mogiana

A Alta Mogiana, localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, tem altitudes que variam entre 900 e 1.200 metros. Essa região é famosa por produzir cafés com sabores adocicados e encorpados, com baixa acidez. A combinação de altitude e clima permite o desenvolvimento de grãos com notas de chocolate, frutas secas e um leve toque cítrico.

4. Caparaó

Na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo, a região do Caparaó é uma das áreas produtoras de café em altitudes mais elevadas do Brasil, com algumas fazendas situadas a mais de 1.200 metros. Cafés dessa região são conhecidos por sua alta acidez, corpo leve e notas de frutas tropicais e cítricas, sendo altamente valorizados no mercado de cafés especiais.

5. Espírito Santo

O estado do Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil e se destaca tanto pela produção de Coffea arabica quanto de Coffea canephora (conilon). As altitudes nas montanhas capixabas variam entre 400 e 1.200 metros. Cafés cultivados em altitudes mais elevadas no Espírito Santo são apreciados por suas notas florais e frutadas, com uma acidez equilibrada.

 

A Influência da altitude nos perfis sensoriais do café

A altitude influencia diretamente o perfil sensorial do café, ou seja, as características de sabor, aroma e corpo que percebemos ao provar a bebida. Em geral, cafés cultivados em altitudes mais elevadas apresentam maior acidez e complexidade de sabores, enquanto aqueles cultivados em altitudes mais baixas tendem a ser mais suaves e encorpados, com notas mais adocicadas e achocolatadas.

Aqui estão alguns exemplos de como a altitude afeta os perfis sensoriais do café:

  1. Altitudes elevadas (acima de 1.200 metros):
    • Acidez: Alta
    • Doçura: Média a alta
    • Corpo: Leve a médio
    • Sabores predominantes: Notas cítricas, florais e frutadas
  2. Altitudes médias (800 a 1.200 metros):
    • Acidez: Moderada
    • Doçura: Alta
    • Corpo: Médio
    • Sabores predominantes: Notas de caramelo, frutas secas e chocolate
  3. Altitudes baixas (abaixo de 800 metros):
    • Acidez: Baixa
    • Doçura: Alta
    • Corpo: Encorpado
    • Sabores predominantes: Notas de chocolate, nozes e especiarias

 

Altitude e o impacto no preço do café

Cafés cultivados em altitudes mais elevadas costumam ser mais caros no mercado, especialmente no nicho dos cafés especiais. Isso se deve à maior dificuldade e custo de produção nessas regiões montanhosas, onde o manejo das plantações é mais complexo e a colheita, muitas vezes, precisa ser feita manualmente devido à inclinação do terreno.

Além disso, como mencionamos anteriormente, o crescimento mais lento dos grãos em altitudes elevadas contribui para uma maior concentração de açúcares e compostos aromáticos, resultando em uma bebida de maior qualidade e, consequentemente, de maior valor comercial. No entanto, é importante lembrar que nem sempre o café mais caro é o melhor. O gosto pessoal desempenha um papel fundamental na escolha do café ideal, e a altitude é apenas um dos muitos fatores a serem considerados.

 

Altitude e métodos de preparo

Outro ponto interessante a ser considerado é como a altitude do café influencia o método de preparo ideal para realçar as características da bebida. Cafés cultivados em altitudes mais elevadas, com alta acidez e sabores complexos, costumam ser valorizados em métodos de preparo que destacam essas nuances, como o filtro V60, a prensa francesa ou o Aeropress. Esses métodos permitem uma extração mais lenta e controlada, realçando as notas mais delicadas dos grãos.

Por outro lado, cafés de altitudes mais baixas, que tendem a ser mais encorpados e adocicados, podem brilhar em métodos como a cafeteira italiana ou o espresso, que intensificam o corpo e os sabores mais robustos da bebida.

 

Conclusão

A relação entre o café e a altitude é uma das variáveis mais fascinantes e influentes na produção e no resultado final da bebida. Ao entender como diferentes altitudes impactam o perfil sensorial do café, você, como assinante do ClubeCafé, tem a oportunidade de explorar e descobrir as nuances que tornam cada xícara única. Seja em altitudes elevadas, médias ou baixas, o importante é experimentar e apreciar a diversidade de sabores que o café brasileiro tem a oferecer.

Então, da próxima vez que você degustar uma xícara de café, lembre-se de que a altitude em que ele foi cultivado pode estar diretamente relacionada às notas e à complexidade que você está apreciando. E com o ClubeCafé, você pode explorar essa diversidade em cada nova safra, sempre aprendendo e saboreando o melhor que o Brasil tem a oferecer.


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